Conjuração Baiana
Os heróis que não viraram nome de rua

Um dos poucos movimentos pela independência da era colonial liderados por negros, a Conjuração Baiana (1798-1799) teve início quando ex-escravos, pequenos comerciantes, alfaiates e soldados se organizaram para se rebelar contra a alta dos preços dos alimentos e os impostos da Corte, além de pedir o fim da escravidão. O soldado Luiz Gonzaga das Virgens (36 anos), o soldado e marceneiro Lucas Dantas (24 anos), além dos alfaiates Manuel Faustino (18 anos) e João de Deus (27 anos) forjaram o movimento na Academia dos Renascidos, local onde discutiam os ideais republicanos do Iluminismo inspirados na Revolução Francesa, e logo receberam apoio da loja maçônica Cavaleiros da Luz, comandada pelo médico, filósofo e político Cipriano Barata.
O movimento popular – também conhecido como Revolta dos Alfaiates ou Revolta dos Búzios — ganhou as ruas por meio de panfletos, mas acabou esmagado após alguns meses de duríssima repressão por parte das autoridades. No total, 49 pessoas foram detidas. Muitas pegaram prisão ou foram degredadas (enviadas para a África). Os integrantes da elite, entre eles Cipriano Barata, foram absolvidos. Os quatro líderes negros, porém, foram enforcados e decapitados, para desestimular a luta abolicionista. Apesar de o centro histórico de Salvador manter referências ao movimento — Praça da Piedade, Rua da Forca, Alameda dos Aflitos e Rua do Cabeça, entre outras –, os quatro líderes negros jamais viraram nome de rua ou foram oficialmente homenageados.