A mulher que se vestiu de soldado para lutar

Maria Quitéria de Jesus (1792-1853), baiana de Feira de Santana, entrou para a história do Brasil como a primeira mulher a ingressar nas Forças Armadas. Mas isso só foi possível porque ela se vestiu de homem, usando os documentos do cunhado, para se alistar como “soldado Medeiros” na luta da Independência da Bahia (1822-1823) para expulsar os portugueses.

A ideia de mudar de identidade surgiu depois que o pai recusou seu pedido para se alistar. Fugiu de casa e já estava incorporada a um batalhão quando o pai procurou o comandante local, o major José Antônio Silva Castro, para avisar que o soldado Medeiros, na verdade, era uma mulher de 30 anos. O major decidiu mantê-la por suas habilidades – além de manejar armas de caça, ela sabia cavalgar. Maria Quitéria participou de três combates. Depois do conflito, foi ao Rio de Janeiro para ser condecorada por D. Pedro I com a insígnia de Cavaleiro da Ordem Imperial do Cruzeiro. O pai jamais a perdoou, mas Maria Quitéria ganhou depois uma estátua de bronze em Salvador e, em 1995, foi homenageada pelo Exército como Patrono da corporação, ao lado de figuras como Duque de Caxias (1803-1880) e Marechal Rondon (1865-1958). A entrada das mulheres nas Forças Armadas só foi oficializada na década de 1980.