José Plácido de Castro
O gaúcho que liderou a conquista do Acre

José Plácido de Castro (1873-1908) entrou para a história como o líder militar da revolta dos seringueiros brasileiros contra o governo boliviano, cuja vitória no campo de batalha abriu caminho para a incorporação do Acre (que pertencia à Bolívia) ao território brasileiro.
Filho, neto e bisneto de militares gaúchos, Plácido ingressou na Escola Militar gaúcha quando eclodiu a Revolução Federalista (1894-1898). Lutou na revolução ao lado dos maragatos, chegando ao posto de major. Com a derrota para os pica-paus, que defendiam o governo Floriano Peixoto, Plácido decidiu abandonar a carreira militar.
Depois de cursar agronomia no Rio de Janeiro, o gaúcho Plácido partiu para a região amazônica atrás da riqueza da extração da borracha. Em 1899, porém, havia uma disputa territorial entre Brasil e Bolívia sobre o Acre. A Bolívia alegava que brasileiros haviam invadido uma região de seringais que era dela. Paralelamente, um acordo entre a Bolívia e os Estados Unidos — que garantia o emprego militar americano para manter a posse da Bolívia do território em troca da exclusividade na exploração da borracha – levou os seringueiros brasileiros a pegar em armas.
Sob a liderança de Plácido, após dois confrontos, um grupo de 60 brasileiros conseguiu neutralizar e vencer um contingente de 400 soldados bolivianos usando a tática de guerrilha, por meio de ataques relâmpagos, no seringal Empreza. Na sequência, os seringueiros brasileiros ocuparam a região do Rio Acre e, após 3 dias de batalhas, tomaram o último reduto boliviano, Porto Acre, proclamando o Estado do Acre, independente também do Brasil.
Entre 1902 e 1904, Plácido de Castro atuou provisoriamente no comando do Exército e na presidência do Estado Independente do Acre. Nesse período, diante do iminente contra-ataque do governo boliviano, o Barão do Rio Branco – então chanceler do governo brasileiro – iniciou negociações que culminaram com o Tratado de Petrópolis, em 1903, pelo qual o Brasil adquiriu o Acre por 2 milhões de libras esterlinas e fez outras concessões aos bolivianos. Plácido de Castro deixou o poder, mas permaneceu no Acre (incorporado ao Brasil) como um grande proprietário de seringais e líder político. Em 1908, em meio a disputas políticas locais, foi emboscado e morto por jagunços de um opositor. Em 2004, logo após o centenário da celebração do Tratado de Petrópolis, o nome de Plácido de Castro foi incluído no Livro dos Heróis da Pátria, preservado no Panteão da Pátria e da Liberdade Tancredo Neves, em Brasília.