Joana Angélica

Religiosa que morreu defendendo a independência

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Joana Angélica nasceu na Bahia em 1761 e não demorou muito para que demonstrasse seus dotes religiosos. Filha de uma família abastada, ainda jovem entrou para a Ordem da Imaculada Conceição, no Convento da Lapa, onde desempenhou diversas funções: por duas vezes foi abadessa do convento, cargo máximo alcançado por uma religiosa. Ela era muito querida pela comunidade baiana por sua personalidade e conhecimentos. No período, no entanto, que antecedeu a independência do Brasil, o país passou por diversas turbulências, inclusive depois que Dom João VI voltou para Portugal, em 1821.

As cortes constitucionais portuguesas exigiam também o retorno de Dom Pedro I para sua terra natal, e a pressão soou como uma declaração de guerra da metrópole à colônia, o que gerou diversos tumultos em solo brasileiro. Um deles ocorreu em janeiro de 1822, quando uma nova junta de Portugal é eleita e o general lusitano Inácio Luiz Madeira de Melo assume o poder das Armas da Província. Sem pudor, ele imediatamente ordena o ataque às casas particulares e não poupa nem o Convento das freiras da Lapa, onde morava Joana Angélica. Em fevereiro do mesmo ano, os soldados portugueses invadem o espaço religioso, derrubando as portas com golpes de machado. Joana Angélica tenta impedir que eles entrem. “Para trás, bandidos! Respeitai a casa de Deus! Só entrarão passando por cima do meu cadáver!”, ela teria dito na ocasião. Recebeu, em seguida, um golpe de baioneta (arma em forma de punhal) e morreu aos 60 anos de idade.

O ato de resistência a tornou a primeira heroína da independência do Brasil, que viria a ser declarada, oficialmente, meses depois, às margens do Ipiranga. Em 2018 Joana Angélica foi declarada Heroína da Pátria Brasileira pela Lei Federal nº 13.697 e seu nome foi inscrito no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria, que está no Panteão da Pátria e da Liberdade Tancredo Neves, em Brasília.

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