Maria Felipa
Reconhecimento tardio

Descendente de escravos sudaneses, a baiana Maria Felipa de Oliveira ganhava a vida na Ilha de Itaparica vendendo mariscos. Bonita, alta e forte (jogava capoeira), teve participação fundamental na Independência da Bahia (1823), movimento que marcou a expulsão das tropas portuguesas do estado meses após o Grito do Ipiranga. Tinha pouco mais de 20 anos quando navios de guerra portugueses ancoraram perto de Itaparica para preparar o assalto final à capital baiana.
Maria Felipa criou uma unidade à parte, formada por mulheres, encarregada de atrair os guardas dos navios portugueses para a praia durante a madrugada usando a tática da sedução. Quando ficavam nus, eram dominados com peixeiras e surrados com folhas de cansanção, planta com espinhos que provoca sensação de queimadura na pele. Na sequência, outros integrantes da resistência invadiam e tocavam fogo no navio. Pelo menos 42 embarcações portuguesas foram destruídas.
A história de Maria Felipa foi inicialmente resgatada pelo historiador, escritor e político baiano Ubaldo Osório Pimentel (1883-1974), que deu a uma de suas filhas o nome de Maria Felipa – anos depois, ela viria ser a mãe do escritor João Ubaldo Ribeiro (1941-2014). Seus feitos, até então considerados uma lenda popular, finalmente acabaram sendo reconhecidos pela historiografia. Em 2018, Maria Felipa de Oliveira foi declarada oficialmente Heroína da Pátria Brasileira e teve seu nome inscrito no “Panteão da Pátria e da Liberdade Tancredo Neves”, em Brasília (DF).