A maldição do meteorito de Bendegó

A história do meteorito de Bendegó começa há milhares de anos, quando o siderito de 5,36 toneladas caiu na região onde hoje se encontra a cidade de Monte Santo, no sertão da Bahia. Encontrado em 1784 por um garoto que tocava gado na área rural, foram necessários 104 anos para que a pedra gigante fosse removida, em duas tentativas. Na primeira, no mesmo ano da descoberta, o carro de bois que a transportava andou apenas 180 metros, perdeu os freios e caiu à beira do riacho Bendegó. A segunda tentativa ocorreria mais de um século depois, em 1887, por determinação do imperador Pedro II, que soube da existência do meteorito durante visita à Academia de Ciências de Paris, na França. Para a remoção, fruto de uma complexa operação de transporte, foi utilizado um carretão, puxado por juntas de bois, que deslizou sobre trilhos pela caatinga ao longo de 277 dias, até a estação ferroviária do município de Itiúba. A pedra foi embarcada num trem rumo a Salvador e, de lá, seguiu de navio até o Rio de Janeiro. Recebido pela princesa Isabel com pompa, o siderito foi entregue ao Arsenal de Marinha da Corte. No local original da queda do meteorito foi erguido um monumento, batizado de Obelisco de D. Pedro II, inaugurado no dia 7 de setembro de 1887. Mas, anos depois, o monumento foi inteiramente destruído por moradores de Monte Santo, por acreditarem que a seca prolongada na região era um castigo divino pela retirada da pedra gigante. O meteorito, porém, continua intacto – resistindo até ao incêndio de 2018 que destruiu o Museu Nacional na Quinta da Boa Vista, onde era mantido como parte do acervo do governo imperial.

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