Masp sedia a exposição ‘Histórias Brasileiras’

O MASP – Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand, por ocasião do bicentenário da independência do Brasil, exibe, de 26 de agosto a 30 de outubro de 2022, a mostra coletiva Histórias Brasileiras, que ocupa o 1º andar e 2º subsolo da instituição. A exposição tem direção curatorial de Adriano Pedrosa, diretor artístico, e Lilia Moritz Schwarcz, curadora convidada, e curadoria de Tomás Toledo, Clarissa Diniz e Sandra Benites, além de diversos curadores da instituição: Amanda Carneiro, curadora assistente, André Mesquita, curador, Fernando Oliva, curador, Glaucea Britto, curadora assistente, Guilherme Giufrida, curador assistente e Isabella Rjeille, curadora. Ao longo do período expositivo, todas as terças e quintas-feiras terão entrada gratuita.
A mostra reúne cerca de 380 trabalhos – sendo 24 inéditos – de aproximadamente 250 artistas e coletivos que contemplam diferentes mídias, suportes, tipologias, origens, regiões e períodos, organizados em oito núcleos temáticos: Bandeiras e Mapas, Paisagens e trópicos, Terra e território, Retomadas, Retratos, Rebeliões e revoltas, Mitos e ritos e Festas. Nesse contexto, a perspectiva privilegiada não é tanto a da história da arte, mas a das histórias sociais ou políticas, íntimas ou privadas, dos costumes e do cotidiano, partindo da cultura visual e expressando um caráter mais polifônico e fragmentado, escapando de uma visão definitiva, canônica e totalizante. Para compreender a exposição, é importante ressaltar o significado particular do termo “história” em português, que engloba tanto a ficção como a não ficção, relatos históricos e pessoais, de caráter público e privado, e que, portanto, possuem uma qualidade mais especulativa, aberta e processual do que a noção tradicional de história.
Dividida entre o 1° andar e 2° subsolo do museu, a exposição inicia-se no 1° andar com o núcleo Bandeiras e Mapas, com curadoria de Lilia Moritz Schwarcz e Tomás Toledo, que pretende “friccionar, contestar e investigar os emblemas pátrios, criando relações entre representações mais tradicionais e oficiais desses símbolos com apropriações críticas evidentes, sobretudo, na produção artística contemporânea”, afirmam os curadores. Na obra Bandeira afro-brasileira (2022), por exemplo, o artista Bruno Baptistelli (São Paulo, 1985) altera as tonalidades da flâmula nacional para convertê-la numa bandeira afro-brasileira, em oposição àquela elitizada e embranquecida, com o dístico “Ordem e progresso” e cujas cores aludem à casa imperial de Habsburgo e Bragança. A paisagem, gênero destacado na hierarquia acadêmica e formulado no século 18 na Europa, serviu muitas vezes como representação da nacionalidade na tradição ocidental. “No Brasil, a pintura de paisagens converteu os trópicos num prolongamento da idealização europeia sobre a natureza, buscando demonstrar uma suposta pureza”, pontuam os curadores Guilherme Giufrida e Lilia Moritz Schwarcz do núcleo Paisagens e trópicos, que aborda certos temas e conceitos no interior desse gênero.
Entre as obras da seleção, destacam-se as pinturas Paisagem com jiboia (1660), de Frans Post (Haarlem, Holanda, 1612-1680), que representa, a partir de referências e métodos de observação europeus, uma paisagem brasileira, e a fotografia Natureza morta 1 (2016), de Denilson Baniwa (Barcelos, Amazonas, 1984), que traz a silhueta de um indígena morto delineada sobre a floresta amazônica, explicitando a devastação da mata causada por gerações de invasores aos territórios indígenas. A partir do entendimento de que as Histórias brasileiras se passaram e se passam em território indígena, o núcleo Terra e território, com curadoria de Adriano Pedrosa e Isabella Rjeille, aborda algumas das diferentes formas de relação com a terra e as disputas por território desde a invasão portuguesa em 1500 e seus impactos humanos, climáticos, econômicos, cosmológicos e culturais. Na carta escrita ao rei de Portugal, Dom Manuel (1469-1521), datada do século 16, Pero Vaz de Caminha (1450-1500) fez esta afirmação acerca da riqueza das águas e do clima desta terra: “querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo”. “A missiva prenuncia a exploração de culturas agrícolas como as do açúcar, do tabaco, do café, do algodão, entre tantas outras, pelo sistema escravista, e é evocada neste núcleo pela obra de Jaime Lauriano (São Paulo, 1985), Nessa terra, em se plantando, tudo dá (2015). A ficção colonial que imaginou esta terra como uma “tabula rasa” e sua natureza como a “virgem” à espera da exploração comercial é questionada pelos trabalhos aqui reunidos”, explicita Isabella Rjeille.
EventoPresencial
SegmentosArtes Visuais
Data 26/08/2022 a 30/10/2022
Horário 10:00 às 18:00
Funcionamento De terça-feira é gratuito e a entrada é das 10h às 20h; de quarta a domingo das 10h às 18h - fechado de segunda-feira
Local Masp- Avenida Paulista, 1578 - São Paulo - SP
Classificação Indicativa Livre
Valores R$ 50 (R$ 25 meia-entrada)
E-mailatendimento@masp.org.br
Site https://masp.org.br
Ingressos https://www.masp.byinti.com.
Acessibilidade
- Audiodescrição
Programação sujeita a alteração (confirmar data e horário no site do organizador)