Monumentos históricos no Parque Caminhos do Mar passam por restauro para comemorar o bicentenário da Independência

Foto: Divulgação
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Ler a história do Brasil nos livros é uma coisa. Presenciar os locais por onde ela passou é outra. E unir as duas coisas ajuda não só os mais jovens, como qualquer cidadão, a fazer uma viagem no tempo e a entender melhor o país. É com essa proposta que o Parque Caminhos do Mar, localizado no Parque Estadual Serra do Mar, promove atividades, inclusive caminhadas – entre os trajetos está o que Dom Pedro I passou antes de dar o ‘grito do Ipiranga’ – a fim de aproximar a população da natureza e também de importantes monumentos históricos dispostos no local, que foram inaugurados em 1922 em ocasião do centenário da independência do Brasil (leia mais em Notícias da Independência).

O secretário de Governo do Estado, Marcos Penido, conversou com a Agenda Bonifácio e detalhou o processo de restauro desses monumentos históricos, que há um ano ficou a cargo de uma concessionária, a Parquetur – a entrevista foi concedida quando ele ainda era secretário de Infraestrutura e Meio Ambiente, Pasta responsável por este projeto. “Quando fizemos a concessão, uma das exigências era não só que esse restauro fosse feito, como foi entregue à concessionária os projetos aprovados pelo Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo), garantindo que essa restauração siga a obrigatoriedade do resgate da nossa história. E o que é importante para nós? Estamos vivendo um momento único aqui em São Paulo. Além de resgatar a história do Caminhos do Mar, por onde a independência passou, as pessoas que viveram e fizeram a nossa independência por ali, estamos também fazendo o resgate do nosso Museu do Ipiranga”. Penido ressalta a importância de resgatar a história e cultura do país, além da preservação da Mata Atlântica no local. Confira, a seguir, a entrevista completa: 

São 200 anos de independência do país e importantes monumentos históricos estão sendo restaurados para comemoração da data. Queria que o senhor me falasse sobre esse projeto realizado em São Bernardo, no Grande ABC.

O Caminhos do Mar, no conceito dos nossos governadores, João Doria e Rodrigo Garcia, está dentro do projeto de concessão de parques. E já está fazendo um ano que fizemos essa concessão, em que uma das prioridades é a recuperação dos nove monumentos históricos que temos lá, erigidos para a comemoração do centenário da nossa independência em 1922. E temos também o resgate do Caminho do Lorena, histórico, por onde o desenvolvimento de São Paulo se deu. É por onde subia todo o comércio, as pessoas, que chegavam no porto de Santos. 

Que história contam esses monumentos?

Temos o Pontilhão Raiz da Serra, o Belvedere Circular, Padrão de Lorena, Rancho da Maioridade, Pouso Paranapiacaba, Ruínas, Monumento do Pico e o Cruzeiro Quinhentista, esse já em Cubatão. São monumentos que foram executados durante a gestão do presidente Washington Luís, que queria reportar a história da independência. Esse caminho da Serra do Mar era utilizado para que as pessoas pudessem vir de Santos, do Litoral, para o planalto. Por ali veio toda a história do Brasil, inclusive a própria corte a utilizava, Dom Pedro I. Esses monumentos foram construídos à época para isso. Inclusive o Pouso Paranapiacaba lembra os locais onde os comerciantes, aqueles que vinham montados em mulas, paravam já na chegada em São Paulo para poder alimentar os animais e descansar. Tem todo o resgate dessa história da independência do Brasil no sentido de onde passou a história, de onde se cresceu todo esse desenvolvimento que culminou com o grito do Ipiranga.

E são monumentos inaugurados há 100 anos. Essa gestão tem feito muito para cultuar a história e perpetuar para as próximas gerações. Queria que o senhor me desse sua impressão sobre a importância de repassar todas essas informações corretas e ‘restauradas’. 

Sem dúvida foi uma das grandes preocupações. Quando fizemos a concessão, uma das exigências era não só que esse restauro fosse feito, como foi entregue à concessionária os projetos aprovados pelo Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo), garantindo que essa restauração siga a obrigatoriedade do resgate da nossa história. E o que é importante para nós? Estamos vivendo um momento único aqui em São Paulo. Além de resgatar a história do Caminhos do Mar, por onde a independência passou, as pessoas que viveram e fizeram a nossa independência por ali, estamos também fazendo o resgate do nosso Museu do Ipiranga. Que não somente está sendo recuperado, como praticamente duplicado o seu espaço. É um respeito a história e cultura do Brasil. Infelizmente vivemos em um país em que, às vezes, a cultura é deixada de lado, e São Paulo vai na contramão desse processo, vai no resgate daquilo que era o caminho, que era a história, o meio de locomoção, a realidade que se existia há 100, 200 anos atrás, resgatando o nosso passado como o Museu. Que diferente do que vemos no nosso grande Museu Nacional, que é deixado de lado, São  Paulo fez um investimento de R$ 211 milhões em captações junto com a iniciativa privada. A nossa Secretaria de Cultura, dentro da orientação dos governadores, está resgatando esse tão importante monumento da história do nosso Brasil para que as crianças, jovens, possam conhecer a realidade que era aqui. Um povo sem cultura é um povo sem história. Nós temos de resgatar a cultura e história e com ela poder caminhar de uma melhor maneira. 

O senhor falou da concessão a uma empresa que vai ficar lá por 30 anos cuidando daquele lugar. Além do resgate dos monumentos, haverá no local várias outras atividades  recreativas para a população, certo?

Além desse resgate histórico, que é fundamental neste ano do bicentenário, temos todo estímulo à visitação e à educação. Com pontos de lazer, de alimentação, de apresentação do sistema, de como era a vida há anos, com a educação da parte histórica, além da educação ambiental, já que ali está no meio da Mata Atlântica. É um resgate desse bioma maravilhoso que temos em São Paulo, para que as pessoas possam conhecer a nossa biodiversidade, seja na fauna, na flora e também vislumbrar a beleza que é esse caminho. Tanto que temos nele a ‘curva do uau’, que não tem uma pessoa que passe por ela e não diga ‘uau’. Ali você vê todo litoral e fica encantado com a vista. É o resgate da história, da natureza e trazer para a população de São Paulo e do Brasil um novo local onde a gente vai poder conviver com o meio ambiente, com a nossa história, e com um retorno nisso, com geração de emprego, renda, trazendo desenvolvimento sustentável, a melhoria da qualidade de vida e cultura da população.

Ali é uma fatia importante da Mata Atlântica. Existe algum projeto sustentável para aquele espaço?

A Mata Atlântica está totalmente recuperada. Ali nós temos um espaço de preservação, já fizemos o projeto da Serra do Mar, resgatando e protegendo a região onde tinham muitas ocupações. Inclusive temos  junto da nossa fundação florestal toda proteção da mata e locais de visitação, para que se possa fazer arvorismo, visualização de pássaros, para se desfrutar da natureza respeitando a sua vida, sem nenhuma agressão. 

Como o senhor vê essa retomada dos espaços públicos com esse possível fim da pandemia?

A visitação já está batendo recordes. Já está virando um caminho para as escolas, inclusive para o pessoal que pratica esportes, tem utilizado para se exercitar, tem excursões indo para lá. Como a empresa é especializada nisso, está fazendo uma nova divulgação, está criando eventos, oportunidade para população chegar perto, e quem vai  faz a melhor propaganda que tem, que é a do boca a boca. Vê aquela maravilha, conta para o outro, que fica com vontade de ir. Você mesma teve a oportunidade de conhecer e tenho certeza que contou para muita gente que também está querendo ir. É todo esse processo que está acontecendo hoje e a cada final de semana, principalmente nos feriados, temos tido um movimento muito grande, o que nos deixa feliz de sabermos que estamos no caminho certo.

(Miriam Gimenes/Agenda Bonifácio)

Publicada em 22 de junho de 2022