Revolta dos Mercenários causou pânico no Rio de Janeiro em 1828

Em meio a inúmeras rebeliões e conflitos quer eclodiram no país após a independência de Portugal, um episódio pouco explorado pela historiografia envolvendo estrangeiros chamou a atenção por ter causado pânico no Rio de Janeiro entre 9 e 12 de junho de 1828 – a Revolta dos Mercenários. Naquele ano, o governo imperial fazia grande esforço para enviar soldados para enfrentar, em Montevidéu e no Rio Grande do Sul, a Guerra Cisplatina (1825-1828). Enquanto o conflito transcorria, a segurança do Rio de Janeiro ficou a cargo de dois Batalhões de Caçadores e dois de Granadeiros, compostos por mercenários estrangeiros contratados pelo governo para suprir a falta de soldados. O motim foi causado por um mercenário alemão, que se recusou a receber o castigo de 100 pranchadas de espada (golpe que se dá com a folha da arma), ordenado pelo major Franciso Pedro Drago, oficial de um dos batalhões de Granadeiros, após o alemão cometer um ato de indisciplina. Drago, então decidiu dobrar o castigo, para 200 pranchadas, gerando a revolta de outros mercenários alemães e irlandeses do batalhão. Os rebelados se dirigiram ao palácio imperial, para exigir a demissão do major. Não foram recebidos. O brigadeiro Joaquim Thomas Valente, o conde do Rio Pardo, comandante das Armas da Corte, tentou acalmá-los, mas alguns dos amotinados mais exaltados dirigiram-se à residência do major, que acabou depredada e incendiada. Nos dias 10 e 11, os mercenários praticaram desordens pela cidade e invadiram a sede do Ministério do Exército, onde hoje funciona o Palácio Duque de Caixas, no campo de Santana. Arrombaram o almoxarifado, apossaram-se das armas que encontraram e se entrincheiraram no local. O governo imperial teve apoio da Brigada de Artilharia da Marinha, de marinheiros de navios franceses e ingleses atracados no porto e até de escravizados para conter a revolta, que deixou 12 mercenários mortos e 50 feridos. O ministro da Guerra, general Barroso Pereira, perdeu o cargo por causa do motim. Os batalhões de mercenários foram extintos após a abdicação de D. Pedro I, em 1831.

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