Os símbolos da Maçonaria em Paraty

A cidade histórica de Paraty, no litoral fluminense, viveu sua época de riqueza no século 18, quando seu porto foi utilizado para escoar a produção de ouro e diamantes das cidades mineiras em direção à Europa. Por volta de 1720, quando a cidade se consolidou como entreposto comercial, já havia sinais de presença da Maçonaria — uma sociedade filosófica, filantrópica e secreta que buscava chamar a atenção de maçons em trânsito por meio de símbolos e códigos na arquitetura urbana, que passavam despercebidos para os leigos. Assim, as portas e janelas da maioria das casas de Paraty eram pintadas em branco e azul, o chamado azul-hortência da Maçonaria Simbólica. Outros detalhes são vistos até hoje na cidade, tombada como Patrimônio da Humanidade pela Unesco. Entre eles, os três pilares (cunhais) de pedra lavrada, encontrados em algumas esquinas, que, segundo se acredita, foram colocados para formar o triângulo maçônico. Outro exemplo típico é a proporção dos vãos entre as janelas, em que o segundo espaço é o dobro do primeiro, e o terceiro é a soma dos dois anteriores, ou seja, a soma das partes é igual ao todo, que se resume no retângulo áureo de concepção maçônica. Depois de 1750, a Vila de Paraty já possuía o título de segundo porto da Colônia Portuguesa e novos símbolos proliferaram nas construções, por meio de figuras desenhadas em azulejos que decoravam suas fachadas. Todos estes sinais tinham por objetivo indicar aos irmãos maçons que chegavam a Paraty que ali seriam bem acolhidos. Com a vinda da família real para o Brasil, em 1808, o porto de Paraty foi perdendo relevância para o do Rio de Janeiro e a cidade mergulhou na decadência. No final do século 19, a loja da sociedade secreta que existia na cidade foi fechada e a Maçonaria abandonou Paraty, levando seus segredos e documentos.

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