D. João VI e o assalto ao Banco do Brasil

D. João VI entrou para a história do Brasil como o primeiro monarca a criar um banco para pagar as despesas da Corte e, anos depois, contribuir de forma decisiva para sua falência ao literalmente assaltar os cofres da instituição antes da viagem de volta para Portugal — levando todos os metais preciosos e joias da família real e de acionistas guardados em seu cofre. Em resumo, essa é a curta trajetória de 21 anos da primeira fase do Banco do Brasil. Criado em 1808 por um alvará, logo após a chegada da família real portuguesa ao Brasil, o BB foi o primeiro banco a funcionar na colônia e o quarto emissor de moeda do mundo – até então, apenas Suécia, Inglaterra e França dispunham de bancos emissores. O alvará de fundação já indicava que o objetivo era pagar as despesas da monarquia. Para atrair acionistas, D. João oferecia comendas aos que subscrevessem as ações. O banco, porém, sempre foi mal gerido. Entre 1817 e 1821 (ano em que D. João VI voltou para Portugal), várias transações milionárias de diretores não foram escrituradas – as fraudes eram registradas no balanço como “quantia extraviada”. As irregularidades continuaram após a volta de D. João VI a Portugal — as seguidas emissões sem lastro geraram inflação, termo desconhecido na época e definido pelo deputado mineiro Bernardo Pereira de Vasconcelos como “uma ‘inchação’ do meio circulante”. Depois de acumular prejuízos ao governo imperial e aos acionistas, um decreto assinado por D. Pedro I, já em 1829, ordenou a liquidação do banco. O atual Banco do Brasil só seria criado em 1851, por iniciativa de Irineu Evangelista de Souza (futuro Barão e Visconde de Mauá).

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